
O que é perda auditiva?
A perda auditiva é definida como perda da audição condutiva ou permanente, bilateral ou unilateral, congênita ou adquirida. Também pode ser perda auditiva neural, por exemplo, “neuropatia auditiva / dessincronia”.
O que é triagem auditiva neonatal universal (TANU)?
É um exame de triagem para avaliação auditiva. Pode ser feito através do PEATE (audiometria de tronco encefálico) ou EOA (emissões otoacústicas) ate o primeiro mês de nascimento.
Qual a recomendação para a triagem auditiva neonatal universal (TANU)?
A triagem auditiva neonatal ate um mês de vida é recomendável para todos os bebês e que todas perdas auditivas sejam identificadas antes dos 3 meses. Pois a maioria das crianças com perda auditiva congênita, ou seja, nasceu com a perda auditiva, é identificada na TANU, mas as perdas auditivas podem ter outras causas.
Qual a importância de identificar a perda auditiva precocemente?
A perda auditiva deve ser identificada e a intervenção adequada deve ser proposta ate os 6 meses de vida. A perda auditiva pode ocasionar problemas nas habilidades da linguagem e aprendizado ao longo da vida, afetando a comunicação, o desempenho escolar e profissional e o desenvolvimento social e emocional.
Todas as perdas auditivas são identificadas pela TANU?
Tem perdas auditivas que não são identificadas pela TANU, como:
• Perda auditiva de inicio tardio – apareceu depois do período da triagem auditiva;
• Perda auditiva progressivas – o grau de perda aumenta com o tempo;
• Perda adquirida – a causa da perda auditiva pode ser por trauma crânio encefálico, infecções como meningite bacteriana e viral, varicela, herpes simples, sarampo, e por outras condições médicas.
• Perda auditiva neural.
Existem outros sinais de perda auditiva na infância?
A academia americana de Pediatria estabeleceu os indicados de riscos associados a perda auditiva congênita e de inicio tardio ou progressiva. As crianças que apresentam um ou mais indicadores devem ser submetidas à avaliação audiológica completa até os dois anos de vida.
Indicadores de risco do Joint Committee on Infant Hearing 2oo7:
1. Preocupação dos pais em relação a atrasos na audição, fala, linguagem o desenvolvimento;
2. História familiar de perda auditiva;
3. Permanência em UTI por mais de 5 dias; IOT (intubação orotraqueal); CPAP (ventilação assistida); uso de medicações ototóxicas (gentamicina, tobramicina, furosemida); Hiperbilirrubinemia que requer transfusão exsanguïneo (icterícia grave). A recomendação é realizar o PEATE (audiometria de tronco encefálico) na internação e depois avaliação auditiva abrangente.
4. Infecções intrauterina, como: CMV (citomegalovírus), herpes simples, rubéola, sífilis e toxoplasmose;
5. Anomalias crânio faciais;
6. Achados físicos que sugerem associação a uma síndrome, como mecha de cabelo branco.
7. Síndromes associadas com perda auditiva;
8. Doenças degenerativas;
9. Infecções pós-natais associadas a perda auditiva, como: meningite bacteriana e viral, herpes simples, varicela confirmadas;
10. Traumatismo crânio encefálico;
11. Quimioterapia;
12 Otite média recorrente ou persistente por mais de 3 meses.
Se a criança não passou na triagem auditiva?
Deve-se encaminhar para reavaliação auditiva em ambas orelhas, mesmo que falou em apenas uma orelha. É recomendado avaliação abrangente que inclui a avaliação com otorrinolaringologista e exames diagnósticos, como audiometria comportamental ou condicionada, Impedanciometria e o PEATE clique e frequência específica.
A criança precisa retornar no otorrinolaringologista?
É recomendável que a criança que tem fator de risco (Joint Committee on Infant Hearing 2oo7) retorna com o otorrinolaringologista, o tempo e o numero de reavaliações serão personalizadas e individualizas, dependendo da probabilidade relativa de uma perda auditiva de início tardio.
Se a criança tem perda auditiva, precisa passar em outros profissionais da saúde?
Além do otorrinolaringologista e do fonoaudiólogo, deve-se orientar o encaminhamento para outras avaliações dependendo da causa, como: oftalmologista (avaliação da acuidade visual) geneticista, neurologista e outros.
Quando deve iniciar o tratamento para perda auditiva?
Todas as famílias de crianças com qualquer grau de perda auditiva permanente, bilateral ou unilateral, devem ser encaminhadas a intervenção precoce. Dependendo da cidade aonde moram, deve dar entrada de referência em perda auditiva ou procurar profissionais especializados para crianças com perda auditiva.
Como é o desenvolvimento auditivo na infância?
- Idade (Meses)
Desenvolvimento Normal
- 0–4 meses
Deve reagir à sons altos, acalma-se à voz da mãe, interromper atividades momentanea- mente durante a apresentação de som em níveis de conversação
- 5–6 meses
Deve localizar corretamente o som apresentado em um plano horizontal, iniciar a imitar sons em repertório próprio da fala ou pelo menos vocalizar reciprocamente com um adulto
- 7–12 meses
Deve localizar corretamente o som apresentado em qualquer plano, deve responder ao nome, mesmo quando falado baixo
- 13–15 meses
Deve apontar em direção a um som inesperado ou objetos familiares ou pessoas quando solicitado
- 16–18 meses
Deve seguir instruções simples, sem gestos ou indicações visuais; pode ser treinado para alcançar um brinquedo interessante, quando um som é apresentado
- 19–24 meses
Deve apontar para partes do corpo quando solicitado; com cerca de 21 meses podem ser treinados para realizar audiometria condicionada
Fonte: Matkin ND. Pediatr Rev 1984;6:151.
Referências Bibliográficas
Avaliação da perda auditiva na infância – IX Manual de Otorrinolaringologia Pediátrica da IAPO
Dra. Mônica Elisabeth Simons Guerra
Dra. Vanessa Magosso Franchi
Uma resposta para “Diagnóstico de perda auditiva na infância”